Cantadores, músicos e bonecos encenam o trágico duelo pelo amor de Dassanta

A Casa dos Carneiros se prepara para mais um espetáculo inesquecível na carreira do menestrel Elomar Figueira de Melo. Será a apresentação da ópera “Auto da Catingueira”, que teve sua estreia em abril de 2011 em Belo Horizonte. Por lá, em duas seções, a obra de Elomar atraiu cerca de três mil pessoas. No próximo dia 8 de dezembro, o palco será o Teatro Domus Operae, espaço construído pelo próprio menestrel no mesmo sertão que serviu de inspiração para sua obra.

Para apresentar a peça, músicos e cantadores se unem à companhia de teatro de bonecos Giramundo. Entre eles está o mineiro Pereira da Viola, o cantador Xangai, o multitalentoso Saulo Laranjeira e o maestro João Omar, que faz a direção musical. A direção do espetáculo é do próprio Elomar que também participa da apresentação.

Elomar dirige o projeto e participa do espetáculo

O “Auto da Catingueira” é uma história perdida no tempo, num trágico duelo pelo amor de uma mulher. “Dassanta era bunita/qui inté fazia horrô/no sertão prú via dela/muito sangue derramô/conta os antigos quela/dispois da morte virô/passú das asa marela/jaçanã pomba fulô”.

Composta de prólogo (“Bespa”) e cinco atos (“Da catingueira”, “Dos labutos”, “Das visage e das latunia”, “Do pidido” e “Das violas e da morte”) a obra, com 790 versos, é construída em linguagem dialetal, com regionalismos nordestinos que se fundem com a forma de origens clássicas da composição. Narra a saga da bela pastora de cabras Dassanta e as paixões que inspirou. Depois da apresentação dos personagens, com seus modos de vida, angústias e desejos, o auto chega ao duelo pelo amor de Dassanta: em vez de armas, o espectador presencia uma disputa de violas, num desfile de mais de uma dúzia de estilos musicais diferentes, como a parcela, o coco voltado e a tirana, todos eles quase extintos.

AUTO – O termo é uma designação genérica para peça, pequena representação teatral. Originário na Idade Média, tinha de início caráter religioso; depois tornou-se popular, para distração do povo. Foi Gil Vicente que introduziu esse tipo de teatro em Portugal.

Ao todo são 16 bonecos interpretando a ópera do sertão de Elomar

GIRAMUNDO – Ao todo são 16 bonecos que fazem parte do elenco e que darão vida a personagens como Dassanta, Lobisomem, Cantador do Nordeste, o tropeiro Chico das Chagas e o Cego cantador. Eles são manipulados por técnicas com as quais o grupo já está habituado: de balcão (os menores), habitáveis (como são chamados os gigantes) e pantins (bidimensionais). “A intenção é valorizar mais a forma do que a cor, colorindo os bonecos com a luz. O Auto não é o mundo do ornamento”, declarou Marcos Malafaia, diretor da companhia, criador dos bonecos e preparador de cena, na época da estreia. “Elomar queria traduzir em imagens o aspecto fantástico da obra, com arquétipos. Daí o interesse dele pelos nossos bonecos. Ficaria incompleto se fossem humanos atuando”, esclarece o diretor do Giramundo.

DISCO – A ópera “Auto da catingueira” é a primeira de Elomar, foi escrita na década de 1970 e lançada em álbum duplo em 1983, várias de suas faixas foram gravadas separadamente em outros discos do artista – anteriores e posteriores. Além disso, várias delas foram interpretadas (avulsas) por ele em seus concertos e cantorias.

SERVIÇO
ÓPERA AUTO DA CATINGUEIRA, de Elomar Figueira Melo.
8 de dezembro de 2012, às 20 horas.
Local: TEATRO DOMUS OPERAE (Fundação Casa dos Carneiros*).
Ingressos: R$ 70; R$ 35.
Vendas: Loja Littium (Av. Olívia Flores – Vitória da Conquista); Para outras regiões do Brasil: atendimentorossane@gmail.com.
Duração: 1 hora e 40 minutos; Classificação etária: livre.
Mais informações: (77) 3421-4881.

*De Vitória da Conquista até a fazenda são 20 km. Saindo da cidade pela BA 269, sentindo Anagé e Brumado, entrar a 1° entrada (distrito de Pradoso) à esquerda depois do posto da Policia Rodoviária Estadual. Do Pradoso até a Fazenda são 8 km de estrada de chão.

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