As aves são os animais mais atendidos pelo Cetas

Localizado no alto da Serra do Periperi, o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Vitória da Conquista realiza um serviço de referência no estado da Bahia. Criado em 2000, o Cetas recupera animais silvestres apreendidos em ações de combate ao tráfico de animais, realizadas por meio de denúncias ou durante fiscalizações ocorridas em rodovias e feiras livres, por exemplo. Os animais que passam pelo Cetas são preparados para voltar à liberdade da vida silvestre.

Hoje, o centro está atendendo cerca de mil animais. São araras, papagaios, periquitos, corujas, diversas espécies de pássaros, macacos pregos e barbados, um tucano, um carcará, um gavião, um veado campeiro e um tamanduá mirim. Ocupando um espaço de 260m² dentro da reserva do Poço Escuro, o Cetas já recebeu, desde a sua fundação, uma média de 34 mil animais – mais de 90% desse número é formado por aves. Até animais que não fazem parte da fauna brasileira já passaram pelo centro: quatro leões, um tigre de bengala e um urso negro foram os mais exóticos.

Os animais são alimentados duas vezes diariamente

De janeiro a junho desse ano, o Cetas recebeu 2301 animais, 72% foram soltos, 2,5% transferidos e 8% morreram – um percentual considerado baixo pela equipe, o restante (17,5%) ainda está em quarentena. Os animais chegam de toda parte do Brasil, devido principalmente à BR-116, e também porque, além de Conquista, só Salvador e Porto Seguro oferecem o serviço na Bahia.

Na maioria das vezes, esses animais chegam ao local em estado precário de saúde devido, principalmente, a maus tratos e alimentação incorreta. “Quando recebemos os animais, eles passam por uma avaliação, são medicados quando há necessidade e se precisar passam também por processo cirúrgico. Então, ficam um período em quarentena para depois serem devolvidos em áreas onde já ocorram a mesma espécie”, relata o médico veterinário e coordenador do Cetas, Aderbal Azevedo.

Responsável por uma equipe multidisciplinar, o médico explica que há, antes das solturas, uma preocupação com o equilíbrio ambiental. “Alguns animais não voltam à natureza por não ter condições de se adaptar à vida silvestre. Para transferir os macacos pregos e animais em extinção, por exemplo, temos que montar projetos específicos. Por conta disso, alguns animais podem ir para parques zoobotânicos, zoológicos e criadouros”, conta o coordenador.

O Cetas é mantido pela Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, conta com a parceria do Ibama por meio de convênio e serve de instrumento para educação ambiental, atendendo profissionais e estudantes de direito, veterinária e biologia, além de disponibilizar vagas para estagiários e receber pesquisadores científicos de todo o Brasil. Por conta do Cetas, em 2004, Vitória da Conquista foi a vencedora do prêmio “Bahia Ambiental” na categoria Município Sustentado.

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Para denunciar o tráfico de animais silvestres, ligue para o atendimento do Ibama: 0800 61 8080.

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