Canções famosas, histórias curiosas, trechos de entrevistas e críticas de discos estão na nova Coleção Folha “O Melhor de Elis Regina”, que chegou às bancas nesse domingo, 23 de março. São 25 livros-CD com 44 páginas cada um, que contextualizam e analisam as obras da artista.
A coleção já começa com dois discos emblemáticos. O volume 1, “Elis 1974”, é exemplo da parceria prolífica com o pianista e arranjador César Camargo Mariano, com quem Elis Regina (1945-1981) foi casada. “Considero o período dessa parceria, de 1972 até o fim da carreira, o mais rico”, diz o editor da Coleção Folha, o jornalista especializado em música Carlos Calado.1
“Ele era capaz de criar arranjos que tornavam a canção quase um texto teatral”, explica. Mariano dava sofisticação à música e Elis valorizava as letras. O volume 2, “Samba Eu Canto Assim”, de 1965, é, segundo Calado, o disco que traz Elis já com maturidade vocal, com o perfil que a tornou famosa.
Mais que mostrar sucessos, a coleção apresenta uma Elis inovadora, que a partir do show “Falso Brilhante” (1975) revolucionou o mercado com espetáculos grandiosos, com banda, cenário e figurinos e que ficavam meses em cartaz. “Até então, os shows eram recitais, com um banco, violão e voz”, diz Calado.
A Elis reveladora de autores se apresenta em vários discos. Foi ela quem deu visibilidade a artistas como Milton Nascimento, Belchior, Ivan Lins e João Bosco. A estreia de Elis na Europa, em meados dos anos 1960, causou grande impacto. Os discos “Elis & Toots”, gravado com o gaitista Toots Thielemans, e “Elis Regina in London” são frutos dessa fase.
Dos 25 discos da coleção, 21 são de carreira. Os quatro últimos são coletâneas que trazem material curioso e raro. Tem até dois sambas que gravou com Pelé. Os livros-CD trazem análises e textos que colocam cada disco dentro de um contexto histórico. O material foi produzido por Calado e por críticos e jornalistas especializados em música –Tárik de Souza, Lauro Lisboa Garcia, Mauro Ferreira e Arthur de Faria.
Calado destaca a seção “Memória”, que reproduz críticas de discos e shows, entrevistas e reportagens de época –publicados pela Folha ou outro veículo. “As entrevistas que ela dava eram muito interessantes. Ela falava tudo o que pensava, era franca e combativa e não tinha medo de criticar os colegas ou aquilo que não gostava”, afirma Calado.