Sou nordestina, do interior da Bahia. Passei a minha infância toda vendo a campainha da porta tocar várias vezes por dia com pessoas pedindo comida, roupas ou cobertores. Era “natural”! Já se deixava a quantidade para as doações. Também era comum ao viajarmos de carro termos aquelas pessoas que se aproveitavam da velocidade diminuída nos pedaços cheios de buraco das rodovias para pedirem o que tínhamos levado dentro do carro para o lanche das crianças. Bem como, sermos abordados nas ruas com uma receita pedindo dinheiro para comprarem remédios, leite…
Já há algum tempo que essas descrições acima não correspondem mais ao nosso dia-a-dia! O Bolsa Família permite terem condições de comer, o SUS passou a distribuir as medicações básicas, o SUAS cuida dos abrigos e trata dos direitos sociais, os programas de habitação tem conseguido destinar tetos aos que precisam. As queixas de que o bolsa família deixou o povo preguiçoso não prosperaram já que os índices de emprego somente crescem, o que vemos é a escassez de mão de obra pelo pleno emprego!
Será por que as pessoas continuam sem querer ver? Talvez por que estes benefícios não vieram para os bolsos deles e sim para os de quem realmente precisa! As politicas sociais não atendem aos da classe média! E sequer tem vergonha de se queixar disso! Alegam que o bolsa família tem sido sustentado pela classe média e alta: Claro!!! Queriam que os mais pobres pagassem? Será que nem tentam disfarçar as posições escravocratas? São os mesmo que reclamam dos direitos trabalhistas dos empregados domésticos!
Encontram nos gritos contra a corrupção a forma de esconder os avanços sociais. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa!!! Temos diversas criticas ao governo, mas não podemos negar os avanços alcançados na redução da mortalidade infantil, na redução do analfabetismo, no pleno emprego, na redução da miséria, na dignidade do povo conquistada!
*Psicóloga e professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, coordena a Associação de Educação Para Vida – PEV e integra o Conselho Federal de Psicologia.
Foto: Edu Lopes/ SECOM