Meu lance com a matemática é algo sem explicação. Gosto de física e química, também. Mas, fiz jornalismo. Fiz, não – faço jornalismo. Afinal, mesmo depois dos anos que passamos num banco da faculdade, os aprendizados são diários. Aí a gente vai aprendendo com o erro e com os acertos e acumulando histórias para contar.
Contar, aliás, também é coisa da matemática. O problema é que tem jornalista que faz questão de bater no peito e afirmar “eu sou de humanas”, para justificar os erros de exatas que cometem em seu relatos (quase) jornalísticos, e aí desaprende até a contar. E faz do seu texto um mero relato controverso e nada jornalístico, porque aprendi na faculdade que no jornalismo é preciso buscar a exatidão, narrar os fatos aproximando ao máximo de como eles foram exatamente.
Não sei se estou confundindo os senhores, mas o que eu quero dizer com isso é que jornalismo e matemática não precisam caminhar, e nem devem, por lados opostos. Quer ver só um motivo: quando institutos de pesquisas lançam resultados, avaliações e listas, os colegas jornalistas adoram – a sede por títulos que evidenciam melhores e piores é tanta que os ranqueamentos são hoje mais comemorados dentro das redações que nas agências de publicidade. Ora, se os rankings são pautas para os senhores jornalistas e blogueiros, é preciso saber trabalhar e ler os números, para não sair do mundo das exatas e aplicar sobre eles leituras cheias de erro – afinal, errar é humano e não de exatas.
Nesta semana, o instituto Delta Economics & Finance listou as 100 melhores cidades para se viver.
O BCI 100 avalia um conjunto de 77 atributos distribuídos em dez dimensões. O objetivo fundamental do BCI 100 é "consolidar" diversos atributos (variáveis) da cidade em um índice, que permita mensurar as diversas dimensões do processo de desenvolvimento socioeconômico da cidade e, claro, dos seus habitantes. O foco principal é, sem dúvida, as condições de vida local - diz nota enviada pela instituição.
Neste ordenamento, foram considerados todos os 5.564 municípios brasileiros para os quais existem informações socioeconômicas disponíveis, de fontes oficiais - explica o site oficial. O BCI 100 será publicado na Revista AmericaEconomia desse mês.
Vitória da Conquista aparece entre elas, na 94ª posição, e daí que as leituras foram humanamente cheias de erros, por motivos diversos e que (infelizmente) fazem parte do universo jornalístico, onde a prática está mais submetida à forças estranhas (e, por vezes, nem tanto externas), deixando-se de lado qualquer preocupação com a exatidão. Vejam só:
- Se o ranking é das 100 melhores cidades, retiradas de mais de 5 mil, ficar no final da lista não significa que a cidade está entre as piores, afinal o ranking é uma lista das melhores. Mas…
- Repetindo: o ranking é das 100 melhores, as últimas são então as “menos melhores” e não as “menos piores”, mas…
- Em relação ao ranking de 2014, Conquista subiu uma posição, de 95ª para 94ª. Mas…
- Nos quesitos avaliados, Conquista está na frente de mais de 5 mil cidades brasileiras, mas…
- Conquista é uma das 100 melhores cidades brasileiras para se viver, mas…
É esse o tipo do nosso jornalismo, puramente desumano!