Sem falar com a imprensa, Maria Gadú subiu ao palco do Festival de Inverno Bahia para abrir a segunda noite do evento. Na subida para o palco, perguntei a sua relação com a Bahia, ela respondeu que era “inteira”. Saiu sem dizer mais nada e completou a resposta lá de cima, cantando. Um imenso coral se formou à sua frente para acompanhar seus acordes. “Bela flor”, “Dona Cila”, “Oração ao tempo” e “Encontro” foram algumas das canções do repertório, mas à minha pergunta a resposta veio na última música quando ela cantou “Eva”. O público jogou a mão pra cima e bateu palmas acompanhando o ritmo. A energia que brotava era de arrepiar. “Você deve ter sangue baiano…”, comentei quando ela desceu em direção ao camarim, “devo ter, velho!” – respondeu sem titubear – “o show foi incrível”, completou.
Depois de Gadú, que esteve pela primeira vez no FIB, seria a vez de Biquini Cavadão e Capital Inicial encerraria – as duas bandas estavam pela terceira vez entre atrações principais. Mas, pareceu ser a primeira vez na cidade. Bruno Gouveia e a galera do Biquini fizeram um show intenso. Bruno subiu na estrutura do palco para ver o mar de gente à sua frente. Eram cerca de vinte mil pessoas curtindo sucessos como “Tédio”, “Vento, ventania” e “Janaína”.
O show parecia ser a continuidade do último, realizado em 2009, é tanto que iniciou cantando a última música que cantou naquele ano, “Chove chuva”, do Jorge Ben. Mas, ontem não teve chuva, só suor por parte do músicos que se deram por completo e do público, que pulou do início ao fim. “Quando venho pra cá, é uma sensação assim: ‘estou indo pra Conquista, eu tenho vinte mil amigos lá’. A gente chega e é um carinho, um respeito e uma amizade muito grande. E a cada vez isso fica mais forte e a gente sai dizendo que esse ano foi o melhor”, conta o vocalista, que se jogou no meio do público e também chamou uma fã para cantar.
A banda Capital Inicial subiu ao palco com o desafio de não deixar o público esfriar. O desafio foi cumprido em grande estilo. Dinho e sua turma colocaram fogo para encerrar a noite inesquecível. Sucessos como “Primeiros erros” e “Como se sente” levantaram o coro do público.
Como não poderia faltar, Dinho protestou antes de cantar “Que país é esse?”: “A juventude tem que votar. Quem tem entre 16 e 30 anos é quem decide nas eleições. Eu não me sinto representado por ninguém em Brasília e muita gente se sente assim. Se gritar pega ladrão, não sobra um. Essa música, hoje, vai para o STF. Como é que um juiz absorve uma pessoa que saca 50 mil e diz que é para pagar conta da televisão?”, declarou o cantor.
Assim como Bruno, Dinho também se jogou no meio da multidão, mas não queria mesmo era sair do palco. Improvisou músicas do Aborto Elétrico, de Legião Urbana, de Raimundos, do Led Zeppelin e, já sem a banda no palco, cantou em capela Sociedade Alternativa, de Raul Seixas. A madrugada de domingo foi inesquecível para as atrações do segundo dia e também para a arena, que ainda estava lotada quando o som parou, anunciando que a música só retornaria mais tarde.
Hoje, último dia do evento, tem Leoni, Jorge & Mateus e Asa de Águia no palco principal. A abertura será com a banda Autobox, vencedora do concurso Garage Band, às 20 horas. No Barracão Universitário terá Fundo de Busão, André e Mazinho, Kart Love e Amantes do Forró, e na Tenda, DJs Robertinho, Tom e Matheus Velaz.