Um julgamento que divide opiniões e que polariza, não só políticos, mas também diferentes categorias, principalmente advogados e juízes. Analistas e especialistas na área se debruçaram sobre o julgamento do Mensalão e seus temas mais polêmicos e publicaram livros com diferentes posições, ainda quando ele estava na sua primeira etapa. As obras servem de referência para a área jurídica e para toda a sociedade, que busca a cada dia entender melhor as etapas desse processo e como ocorrem as decisões no Supremo Tribunal Federal e como funciona (ou não) a justiça para os políticos. Conheça as obras abaixo.
“A Outra História do Mensalão – As Contradições de um Julgamento Político”, do jornalista Paulo Moreira Leite, adota posição bastante crítica em relação ao comportamento dos ministros do STF e aos resultados do julgamento, além de simpática aos principais réus. Os textos de Moreira Leite, hoje diretor da sucursal da revista “IstoÉ” em Brasília, foram publicados num blog da revista “Época”, onde o jornalista trabalhava no período do julgamento do mensalão. O jornalista prefere ver o mensalão como um esquema de financiamento ilegal de campanhas eleitorais e não como um esquema de corrupção criado para corromper o Congresso, como concluiu a maioria dos ministros do STF (Editora Geração; 352 páginas; R$ 27,90 na Saraiva).
“Mensalão – O Dia a Dia do mais Importante Julgamento da História Política do Brasil”, do jornalista Merval Pereira. O livro reúne artigos publicados em “O Globo” durante o julgamento, acrescidos de pequeno posfácio. Os textos não escondem a posição do colunista, que desde as primeiras sessões defendeu enfaticamente a condenação dos réus. Na opinião de Merval, o julgamento constituiu um marco histórico que colocou a sociedade brasileira “em posição de igualdade com outras democracias amadurecidas” (Editora Record; 288 páginas; R$ 28 na Saraiva).
“Mensalão – Diário de um Julgamento”, organizado pelo professor de direito constitucional Joaquim Falcão, da FGV Direito Rio, o livro reúne 162 artigos da equipe montada pela instituição para acompanhar o julgamento – 15 professores, quatro pesquisadores e quatro alunos. As análises foram publicadas antes no jornal “Folha de São Paulo” e em “O Globo”. A coletânea empenhou-se em apresentar os resultados do julgamento de forma equilibrada, traduzindo o jargão jurídico e explicando questões técnicas que dominaram as sessões, como a validade das provas e os critérios para cálculo das penas (Editora Campus; 370 páginas; R$ 39,90 na Saraiva).
“Mensalão – O julgamento do maior caso de corrupção da história política brasileira”, do historiador Marco Antonio Villa, tenta narrar como história, inclusive catalogando documentos, porém sobressai a força opinativa do jornalismo e a verve da indignação pública – típica da reflexão da imprensa como esfera pública. Do ponto de vista documental, além do jornalismo, é a reação mais rápida da sociedade civil a um episódio de roubo do Estado. Não se trata, evidentemente, de história, pois o calor das emoções contamina o ofício de Villa. Todavia mostra a profundidade do escândalo político que mais fez vidrar a mídia e pode ser material de consulta para pesquisas futuras em ciência social, linguística, comunicação, direito e ciência política (Editora Leya; 392 páginas; R$ 39,90 na Saraiva).