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O forró é a razão pela qual Targino Gondim, um jovem músico “pernambaiano”, percorre o Brasil com uma sanfona branca, lembrando o mestre Luiz Gonzaga. Em passagem por Vitória da Conquista para se apresentar na segunda noite do Forró Pé de Serra do Periperi, Targino mostrou que sua música honra o legado do rei do baião. Na estrada ao lado de músicos também jovens, o cantor tem uma extensa agenda em junho, chegando a fazer três apresentações em um mesmo dia em cidades diferentes – na mesma noite que se apresentou em Conquista ele se apresentou na cidade de Anagé.

No matulão, além da sanfona, do zabumba e do triângulo, um repertório que sintetiza os seus 17 anos de carreira e que reverencia Gonzagão. “Deixe estar”, “Maria minha”, “Dance forró mais eu”, “Fingindo que não tá”, “Tereza no salão”, “Pra se aninhar”, “Esperando na janela” e “Sou o forró” foram alguns dos seus sucessos que fizeram a praça arrastar o pé. Do rei, ele cantou “Xote das meninas”, “A letra i”, “Respeita Januário”, “Sala de reboco” e “É proibido cochilar”. Mas, é quando ele conta os causos entre as músicas e “enrola” na sanfona que a lembrança do velho Lula é ainda maior.

“Meu forró não é forró pé-de-serra, é forró e pronto, forró de Seu Luiz. Quando eu quero fazer forró pé-de-serra eu vou tocar lá no pé da serra”, falou o cantor no palco, sendo aplaudido pelo público. “As dificuldades são muitas, como o preconceito, o Sudeste do país continua sendo preconceituoso com a música nordestina, em especial com o forró, é tanto que se vê os modismos indo e vindo, é sertanejo universitário e tudo que tem universidade no meio, até o próprio forró, quando aconteceu com o ‘Esperando na janela’ com o Gil cantando e com o filme ‘Eu, tu, eles’, a produção fonográfica do Brasil investiu no forró de lá de São Paulo e aproveitaram esse nome e começaram a dar força ao nome e não tem nada de forró universitário. É a mesma coisa, forró só existe um, ou é forró ou não é forró”, declarou em entrevista.

“Eu não gosto de usar a palavra resgatar, porque o forró não está morto nem acabado, ele vai sempre existir com força porque é uma coisa nossa, do nordestino e o Nordeste é forte por si mesmo e o Brasil não consegue acompanhar a força do Nordeste”, completou.

Sobre estar na cidade mais uma fez, ele disse: “fico muito feliz por encontrar aqui um São João regado com muita cultura. Gostaria muito que todas as cidades tivessem esse raciocínio que é de manter acessa as tradições e Conquista está de parabéns por esse motivo, vou sair por aí divulgando e feliz por ter tocado aqui”.

ORQUESTRA SANFÔNICA – Além de tocar a própria carreira, Targino coordena alguns projetos em prol do forró. Foi ele que idealizou o Festival da Sanfona, na cidade de Juazeiro, e mais recente, criou a Orquestra Sanfônica do São Francisco. “É mais uma vez lutando contra o preconceito, para que esses sanfoneiros que não tem vez, que não tiveram a oportunidade de se apresentar em outros palcos e outros locais para que consigam ter essa chance e que consigam assimilar e melhorar os dotes musicais”, justificou.

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Targino ainda homenageou o amigo Dominguinhos, que enfrenta um problema de saúde delicado e está longe dos palcos nesse São João, cantando “Gostoso demais” – confira no vídeo abaixo.

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