POR AILTON FERNANDES*
O assunto não é dos mais agradáveis, mas é necessário. Não pretendo discutir aqui a possível existência dos espíritos, muito menos da existência de vida após a morte. Mas, sim ela existe, ao menos nas redes sociais. Então, é esse o tema que escolhi para retornar a escrever para o F5Jequié, depois de um tempo desligado – perdoem-me aqueles que sentiram a minha ausência, involuntária, mas necessária.
Depois da tragédia acontecida em Santa Maria no Rio Grande do Sul, onde centenas de jovens acabaram mortos, comecei a refletir sobre o seguinte: o que acontece com os perfis nas redes sociais depois que as pessoas morrem? Sei que nenhuma família das vítimas da boate Kiss está pensando nisso, mas a questão que eu levanto é para nós mesmos. Usamos as redes sociais, expomos diariamente o que acontece nas nossas vidas, colocamos fotos e vídeos de momentos pessoais, envolvemos a famílias e nossos relacionamentos, e por aí vai…
Contamos a nossa história de vida, ou pelo menos parte dela, em redes como o Facebook e Twitter. Se por algum motivo, a pessoa venha a falecer, a conta fica abandonada, as informações permanecem, inclusive, os amigos continuam a se “comunicar” com a pessoa, postando mensagens de saudade e de lamentações. O perfil torna-se uma página triste e mórbida como um velório – ou espaço para gafes, quando “amigos” desavisados postam convites e mensagens animadinhas.
Eis a questão: como evitar isso?
– Primeiro, manifeste com pessoas próximas a sua vontade de encerrar as suas contas nas redes sociais após a sua morte;
– Avise que serviços do Google, o Twitter e o Facebook permitem que seja solicitado o cancelamento das contas por motivo da morte, é preenchido um pedido, anexando provas da morte e comprovante de ligação com a pessoa;
– Você também pode optar por salvar suas senhas em sites que oferecem o serviço, e após o comunicado da sua morte uma pessoa indicada recebe os seus dados para proceder com o cancelamento. Um desses sites que oferecem esse serviço é o Legacy Locker.
Ou uma opção mais fácil é fazer uma espécie de testamento com informações de todos os seus cadastros e entregar a alguém da sua confiança, ou comunicar a esta pessoa onde encontrar esse documento – daí é só garantir a segurança para que estas informações não cheguem a mãos erradas enquanto você ainda tem vida, o que pode dar até morte…
Mas, se você preferir, pode continuar eterno nas redes sociais e deixar tudo aí para a posteridade.
*Publicado na coluna Conversa Conectada do site F5 Jequié.