Um piano de calda estava no palco quando um grupo de ternos de reis começou a se apresentar no último dia da programação do Natal da Cidade. No dia da abertura, a mesma situação já havia ocorrido. Era a prova de que o evento contemplaria todos os gostos, levando ao palco do erudito ao popular, e assim foi do dia 15 até o dia 25 de dezembro a celebração musical promovida pela prefeitura municipal.
Segundo o prefeito Guilherme Menezes, este ano foi uma programação de alto nível desde o primeiro dia. “Foi um trabalho de equipe e faço questão de participar das escolhas dos nomes por entender que deve ser uma grade que caia no gosto de todo mundo”, ressaltou o prefeito. “Temos o cuidado para que tenha desde o tradicional e o popular ao erudito, mas tudo de altíssimo gosto, da verdadeira cultura”, completa.
O palco instalado na praça Barão do Rio Branco, no centro da cidade, recebeu o maestro Arthur Moreira Lima e Lenine no seu primeiro dia, iniciado com a apresentação do Terno de Reis Deus Segue Nossa Guia, do bairro Panorama. No dia 25, o tradicional encontro dos ternos de reis reuniu dezoito grupos, que abriram a noite que tinha o contratenor Edson Cordeiro como atração principal.
A praça ainda foi palco para Gal Costa, Zélia Duncan, O Teatro Mágico, Ivan Lins, Jerry Adriani, 14 Bis, Marina Elali e o grupo Quinteto Violado, que reverenciou Luiz Gonzaga, em homenagem ao seu centenário. “A sonoridade do Quinteto foi muito definida a partir da leitura que a gente fez da obra de Gonzaga”, ressaltou o vocalista e músico Marcelo Melo, único integrante do grupo desde a sua formação, em 1971. “Gonzaga está sempre presente em nossa vida e em nossa trajetória musical”, declarou o músico Dudu Alves.
Luiz Gonzaga também foi lembrado pela cenógrafa Victória Vieira e o artista plástico Marcelo Viana, que incluiram o pernambucano entre os homenageados na exposição montada na Casa Régis Pacheco, transformada no Memorial do Reisado durante o Natal da Cidade.
Os centenários do rei do baião, do poeta Camillo de Jesus Lima e do escritor Jorge Amado ocuparam as salas do velho casarão, dividindo espaço com presépios e representações dos grupos de ternos de reis. A casa foi visitada por milhares de pessoas, que saíam encantadas com as obras expostas.
Outro motivo de encantamento foi a decoração e as luzes da praça Tancredo Neves. Famílias inteiras, de crianças de colo a idosos, passaram pela praça para apreciar a beleza e o brilho que se espalhavam sobre os canteiros e as árvores. A visita à praça durante esta época do ano já é tradição para os conquistenses e atração para pessoas de outras cidades.
TERNOS DE REIS – Os grupos de reisado estavam abandonados quando teve início o Natal da Cidade, em 1997. De lá até aqui, a Secretaria de Cultura tem buscado restaurar e preservar os Ternos de Reis, muitos deles estavam quase acabando quando a prefeitura abriu espaço para essa manifestação da cultura popular, tão rica em fé e devoção. Hoje, crianças, jovens, adultos e idosos se misturam no mesmo grupo, demonstrando que a tradição ainda vai durar muito tempo, pois tem sido repassada dentro das famílias.
ARTISTAS LOCAIS – Quem também teve espaço dentro da programação do Natal da Cidade foram os artistas locais. Por meio do concurso Por Isso Que Eu Canto, três novos nomes se apresentaram no palco principal: Marlua, Suzi Dias e Jádia Filadelfo.
Outros nomes mais conhecidos, como Mariana Assis, Gutemba e Evandro Correia também integraram a lista dos conterrâneos. “Os artistas de Conquista estão entre as nossas prioridades e foram selecionados através de edital”, destaca o secretário de Cultura, Gildelson Felício.
DÉRCIO MARQUES – Falecido em junho deste ano, o violeiro Dércio Marques foi homenageado na noite do dia 24. Primeiro, Walter Lajes e Paulo Macedo apresentaram o show “Cantigas de Abraçar… Dércio Marques”, com um repertório composto pelo menestrel. Depois, a cantora Dani Lassalvia se juntou ao maestro João Omar e ao cantor e compositor Cau Alves para lembrar o mineiro e sua obra.