Ivete Sangalo cantava em barzinhos, Durval Lélys do Asa de Águia começou na onda da surf music, a banda Eva surgiu de um baba entre amigos e o Chiclete com Banana antes era Scorpions e cantava de tudo, inclusive heavy metal. Nenhum deles começaram a fazer música com a pretensão de serem reconhecidos como sucessos da axé music, mas se transformaram em grandes atrações da música baiana que teve Luiz Caldas como pai.

Surgida em 2010, a banda Suinga segue os mesmos passos de Luiz, nasceu dentro da axé music e faz axé music, mas também sem a pretensão de fazer sucesso, já que na atualidade o carnaval de Salvador está tomado pelo pagode, pelo arrocha e pelo sertanejo. Fazer música baiana hoje na Bahia parece coisa de cena alternativa, principalmente se for beber na fonte que tem nomes como Armandinho, Luiz Caldas, Moraes Moreira e Gerônimo, como referências.

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A banda Suinga estava de passagem por Vitória da Conquista para se apresentar no Grito Rock, que integrou a programação do Carnaval Conquista Cultural, no sábado, 1º de março . Em um rápido bate-papo, o vocalista Diego Fox falou sobre a banda e sobre o atual cenário da axé music ao Conversa de Balcão. Confira!

Como surgiu a Suinga e quais as referências?

A gente brincava de rock’n’roll na molecagem, mas quando a gente decidiu fazer banda foi de axé mesmo, tocar música baiana, o que já era óbvio por vir de Salvador. Está na Bahia e não tocar música baiana pra mim seria mais difícil, então partiu disso. Desde moleque eu já curtia carnaval, saia na rua com meu pai. As influências principais tem o Luiz Caldas, Gerônimo, Moraes Moreira, Chiclete com Banana, Asa de Águia e a gente procurou seguir as pegadas que já tinham trilhado e ter essa referência, mas também procurar fazer a musicalidade do nosso jeito também.

Você considera que hoje caminham no cenário alternativo?

Talvez. Na verdade é que eu não consigo ver o axé separado do rock. Eu acho que a base do axé é muito rock’n’roll também.

Você considera que existe preconceito quando você diz que toca e faz axé?

Talvez pelo mercado atual do axé que começou a se ter uma imagem um pouco negativa para algumas pessoas. Realmente existe o preconceito sim por uma parte,  infelizmente. O que eu acho é que para fazer o axé mesmo é o jeito mais original de se fazer o rock baiano. Como a gente faz, fazer axé é como fazer o rock baiano.

Mas afinal o que é o axé?

A palavra axé é energia positiva, é uma vibração, é algo de bom. Um jornalista baiano, Hagamenon Brito, que deu esse termo ‘axé music’ e de tanta transformação que veio tendo de lá pra cá, o axé music tornou-se um mercado, hoje os grandes empresários estão produzindo o arrocha, o pagode e o próprio axé está perdendo espaço nos principais circuitos de Salvador, mas a gente fala que toca música baiana e nossa principal influencia é o axé, mas dentro da música baiana tem o ijexá, o samba-reggae, a pitada do rock, essa mistureba toda… Eu acho que o axé permite tudo, permite se misturar com todos os elementos.

Abaixo, Diego Fox canta com Luiz Caldas, em estúdio. Assista!

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E como é a aceitação em Salvador?

É boa, por incrível que pareça. A gente começou a tocar com bandas como a Quarteto de Cinco, a Maglore, o Pirigulino. Começamos a tocar com a galera do rock por conhecer a galera e daí que hoje tem a galera do rock que curte a Suinga e a galera que curte o axé e curte a Suinga também. Isso é muito bacana.

Você sente que o fato de cantores consagrados da axé music terem se distanciado das raízes do axé é um espaço aberto e que facilita a entrada de vocês e de outros que fazem esse resgate?

Eu não sei. No ar está uma coisa muito louca. Desde que Bell anunciou a saída do Chiclete está tudo estranho. Está todo mundo assustado (risos). A gente não sabe exatamente o que vai acontecer e estou vendo pessoas do axé, como o Ricardo Chaves e até o próprio Durval Lélys, fazendo uns projetos que as pessoas já chamam de ‘axé cult’. Já chegaram pra gente dizendo que a gente tocava ‘axé retrô’, pode ser que por tocar músicas dos carnavais mais antigos, mas a gente também toca músicas atuais, como nossas composições. Eu espero que as pessoas comecem a prestar mais atenção nos novos artistas, no que eles têm a dizer.

Além de estarem fazendo de fato o axé, o que diferencia a Suinga?

Uma coisa que a gente não tem é essa preocupação da música do verão, uma diferença da Suinga é essa, as músicas que a gente vem a compor é pela experiência que a gente passou no carnaval, a gente não compõe para o que vai acontecer no carnaval de 2015, qual vai ser a dança, a música, até porque a gente não tem como saber, a gente diz o que a gente está vivendo. Tem que começar a mudar isso aí…

E o que você acha dessa mistura de público? A Suinga veio ser atração de um evento chamado Grito Rock e que está integrando uma programação de carnaval…

É bacana ver uma galera jovem misturada assim, do rock e do reggae curtindo o carnaval. O carnaval é livre pra todo mundo. Lá em Salvador a gente tocou no Carnaval do Pelô numa praça e na outra praça estava tendo Cascadura, e tem público pra todo mundo, antes da gente foi uma banda de hip-hop, então, carnaval permite isso, a Bahia permite isso. É muito bacana!

Baixe aqui no Conversa o disco do Suinga.

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