Em fase de licenciamento ambiental, o Projeto Vale do Rio Pardo foi apresentado ontem, 23, para a comunidade de Cândido Sales. Com o objetivo de debater sobre os impactos ambientais e tirar dúvidas a respeito do empreendimento, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a empresa Sul Americana de Metais realizaram audiência pública sobre o projeto que pretende levar minério de ferro do norte de Minas Gerais ao Porto Sul, em Ilhéus.
A Sul Americana de Metais irá extrair minério de ferro em uma mina localizada na região da cidade de Grão Mogol, onde será instalada uma usina de beneficiamento para concentração e enriquecimento do teor de ferro. Após ser transformado em polpa, com 70% do minério e 30% de água, o produto é enviado para exportação via o Porto Sul, em Ilhéus. Para chegar até lá, segue através de um mineroduto de 482 km, passando por 21 municípios, nove em Minas Gerais e 12 na Bahia, entre eles a cidade de Cândido Sales, Itambé, Ribeirão do Largo, Encruzilhada, Vitória da Conquista e Itapetinga, na região sudoeste.
“O impacto nesta região é de pouca relevância, porque um mineroduto é muito simples, é uma tubulação enterrada a cerca de 80 centímetros a um metro e meio abaixo do solo, o impacto maior vai ser durante a construção e escavação, mas depois será feita a cobertura e após isso, praticamente, não vai existir impacto”, explica o diretor de Relações Institucionais da Sul Americana de Metais, Geraldo Magela Gomes. A opção pelo transporte via mineroduto fez com que o investimento fosse economicamente viável.
Os tubos do mineroduto atravessam comunidades rurais das cidades, não interferindo em atividades como pasto e estradas, já plantações como de cacau, café ou eucalipto são proibidas sobre a área por onde ele passa. Sobre a desocupação de áreas, Magela diz que “haverá uma negociação fundiária com os proprietários para obter a permissão de passagem e eles serão indenizados por isso, mas continuam como donos das terras”.
Após três anos de estudos, o projeto agora será analisado por diferentes órgãos que verificam as interferências socioeconômicas e ambientais que a obra irá causar. A partir do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) apresentados pela empresa, o Ibama, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), as prefeituras e outras entidades irão avaliar o empreendimento para conceder as licenças necessárias.
“O Ibama tem uma experiência em relação a mineração de ferro, já existem outros minerodutos em atividade, e essa é a forma mais segura de se transportar grandes volumes de minério”, declarou o coordenador de Obras Civis da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Ibama , Jorge Luiz Britto. “Serão feitas as avaliações do estudo, se está bem feito ou mal feito, aprovar ou não aprovar, e também dependemos de outros atores, se houver alguma negativa, a gente vai solicitar revisão ao empreendedor”, explicou ele sobre o papel do Ibama na próxima etapa do projeto.
De acordo o projeto, serão produzidos dois milhões de toneladas de minério concentrado por ano. O custo total da obra gira em torno de R$ 4,3 bilhões e deve começar no início de 2014. O funcionamento está previsto para iniciar no segundo semestre de 2015 e deve permanecer em atividade por 25 anos.
EMPREGOS – Existe a previsão para a geração de nove mil empregos diretos durante as obras de construção do projeto e, ao entrar em funcionamento, será gerado dois mil empregos diretos e nove mil empregos indiretos.
A EMPRESA – A Sul Americana de Metais é uma empresa do Grupo Votorantim, criada em 2006 com o objetivo de extrair e comercializar o minério de ferro. Atualmente o projeto Vale do Rio Pardo é o único empreendimento da empresa, em parceria com a chinesa Honbridge Holdings. O investimento do projeto conta com apoio dos governos estaduais, mas os recursos são totalmente da iniciativa privada.
Hoje, 24, acontece a audiência pública na cidade de Ilhéus, no Centro de Convenções, às 19 horas.