O exame de mamografia rotineiro deve ser feito com moderação em mulheres com menos de 50 anos. A orientação é de especialistas que discutiram, no Senado, a prevenção do câncer de mama e a qualidade da informação sobre o tema.
O Ministério da Saúde recomenda a mamografia para mulheres dentro da faixa etária de 50 a 69 anos. De acordo com a médica Carolina Fuschino, da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o ideal é direcionar o exame para a faixa prioritária, na qual há maior impacto na diminuição da mortalidade.
A partir dos 40 anos, acrescenta ela, algumas organizações médicas sugerem que se faça o exame para o chamado rastreamento — para mulheres com baixa probabilidade de desenvolvimento de tumores — porque também há impacto na mortalidade, embora menor.
— A mamografia não é um exame que não vai ter efeitos colaterais. Se você aumenta muito o número de mamografias ao longo da vida, a radiação a que você vai estar submetida tem efeitos cumulativos. Isso não vai ter um impacto importante para surgimento de cânceres. Mas, a partir do momento em que você começa a fazer mais cedo, a radiação vai ser maior ainda — explicou.
A mudança de postura se deve, entre outros pontos, ao chamado overdiagnóstico (um diagnóstico excessivo).
Segundo Arn Migowski, médico sanitarista e epidemiologista do Instituto Nacional de Câncer (Inca), muitos dos casos detectados num estágio bem inicial podem nem mesmo se desenvolver e se tornar câncer. Além disso, pesquisas demonstram que, mesmo com o crescimento do diagnóstico precoce de tumores nas mamas, a sobrevida das mulheres não aumentou significativamente.
Os médicos concordaram que o que impacta na prevenção do câncer de mama é a educação, a percepção corporal e uma vida saudável, com alimentação equilibrada.
– Jornal do Senado