“A primeira coisa que a gente pensa quando acorda é fazer o café dos filhos e para fazer café é preciso ter água. Há um tempo atrás eu caminhava mais de seis quilômetros para levar água para meus irmãos em casa”. A declaração emocionada é de Maria Pindaí, moradora da zona rural da região de Guanambi (BA), onde foi inaugurada a Adutora do Algodão no último dia 9.
Maria, como outras tantas Marias daquela região, depende da água para produzir em sua pequena propriedade rural. Ela participou da solenidade oficial de inauguração da Adutora representando os movimentos sociais, integra o Movimento de Mulheres Camponesas e a sua voz firme, porém abalada pela emoção, comoveu muita gente, inclusive a presidenta Dilma Rousseff.
“Uma coisa horrível para as famílias e para as mães é não poder dar água limpa para o filho ou à filha. Maria falou bem, falou do fundo do coração e falou palavras sábias”, declarou a presidenta. “É importante que o Brasil resolva problemas que há anos e anos se repetem, e chegou a hora de resolver o problema da água de uma forma a garantir que as mulheres, os homens e as crianças possam tomar café da manhã, tomar banho e ter uma água saudável”, disse Dilma.
Com a Adutora do Algodão esse problema está resolvido por, pelo menos, vinte e cinco anos. A obra garante segurança hídrica para aquela região, beneficiando cerca de 110 mil pessoas, moradoras de sete municípios e quatro povoados. A segunda etapa da obra será iniciada em janeiro e irá estender o abastecimento a mais duas cidades e outras três localidades rurais. Ao todo serão 165 mil habitantes beneficiados. Segundo Dilma, serão com obras como esta que o Brasil irá resolver o problema da seca. “Vamos derrotar a seca, nós não controlamos o clima, mas nós podemos garantir instrumentos para quando não chover a gente tenha água estocada e de qualidade”, destacou.
A adutora capta a água do rio São Francisco, na região de Malhada, e a distribui ao longo de mais de 270 quilômetros de tubulação. Os investimentos para a conclusão da primeira etapa somaram R$ 136 milhões e mais R$ 55 milhões serão repassados para a segunda etapa, que vai estender o abastecimento por mais 90 quilômetros, chegando até Caetité. “Essa obra chega para responder aqueles que insistem em dizer que nossas ações são apenas assistenciais”, afirmou o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. O ministro lembrou que, somente em dois anos, já foram investidos cerca de R$ 4 bilhões em obras hídricas.
O estado da Bahia enfrenta a mais terrível seca dos últimos 40 anos e a região de Guanambi, no sudoeste baiano, também foi afetada. O que fez com que a adutora fosse concluída em tempo recorde, as obras foram iniciadas há pouco mais de um ano e começou a operar no início de outubro, em fase de testes. A inauguração contou com a presença de prefeitos da região e do governador Jaques Wagner, além de autoridades representantes dos órgãos envolvidos no projeto.
A Adutora é considerada a maior obra já executada para a oferta de água na região e uma das mais importantes do estado, com capacidade para produzir 450 litros de água tratada por segundo. Localizada na comunidade de Julião – zona rural de Malhada, região que faz parte do Polígono da Seca, no semiárido baiano, a Adutora do Algodão é uma obra do Ministério da Integração Nacional, por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em parceria com o governo estadual, via a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa).
Fotos: Arthur Garcia.