Uma universidade sem muros e sem barreiras. Onde quem é aluno é também professor, ao mesmo tempo e o tempo todo. Um aprendizado formatado pelo próprio aprendiz, que segue o caminho que acha que deve seguir e vai construindo sua formação na prática, sabendo que ela nunca vai se concluir.

“O que a gente fala sempre é que a gente não para de aprender. Não é como na universidade formal em que você entra lá e quando sai acha que já aprendeu tudo, tem que mudar um pouco essa ideia, a gente tem que estar sempre, o tempo todo, construindo conhecimento”, explica uma das gestoras da Universidade Livre Fora do Eixo, Nina Magalhães.

O modelo proposto pela rede de coletivos culturais Fora do Eixo conecta mais de duas mil pessoas em mais de 200 campi permanentes de formação espalhados em todo o Brasil e também pela América Latina. A ideia da universidade surgiu em 2009, “a gente percebeu que já estávamos fazendo formação, tudo estava sistematizado e organizado e precisava ser compartilhado”, conta Nina, que aponta uma recente conquista: “em 2012, o ministro de Cabo Verde reconheceu a Universidade Livre como uma universidade propriamente dita e reconheceu aquelas pessoas como profissionais da cultura”. Segundo ela, existe a possibilidade de o Brasil também conceder esse reconhecimento, principalmente por conta da “velocidade que as coisas vem se transformando”.

A chamada universidade livre funciona em todo lugar onde há um coletivo do Fora do Eixo, a série de cursos “Conversas Infinitas” que está acontecendo em Vitória da Conquista, por exemplo, é uma atividade da universidade, “é um ambiente muito rico em troca de informações e este na verdade é um termo que a gente já utilizava como sendo uma das nossas metodologias de trabalho”, diz a integrante do coletivo. Os festivais e eventos promovidos pela rede também se tornam campi de vivência, somando cerca de 450 ao ano.

“É muito diferente dessa universidade formal que a gente está acostumado, ela vem tentar resolver problemas que a universidade não tem resolvido pra gente. Não é apenas o fato de que a universidade não ter cursos na área da cultura, já até encontra, mas é uma universidade que é muito vivencial, a gente trabalha o tempo inteiro na prática e depois que teoriza as coisas para poder compartilhar”, destaca Nina.

“Cada um pode buscar sua formação e o seu percurso de conhecimento dentro daquilo que interessar em fazer, então é um processo de muito estímulo, não é como uma grade curricular, por exemplo, que já está pronta, gostando ou não você vai ter que fazer. Na universidade livre você vai construindo o seu percurso e renovando infinitamente o seu conhecimento”, continua.

Também gestor da universidade e um dos fundadores da rede Fora do Eixo, Ney Hugo diz que o modelo de universidade conhecido é apenas uma das formas de se aprender. “A academia é uma forma de formação e de transição de conhecimento, mas não é a única, nem detentora de todo saber, eu acho, inclusive, que é limitado o que tem ali. Claro que não é descartável, a gente não quer o fim das universidades, a gente quer que elas se atualizem, porque o processo ali é muito moroso”, diz ele que hoje palestra para professores e estudantes de comunicação, por exemplo, sem nunca ter entrado numa faculdade de comunicação.

“O cara que é formado em arquitetura, por exemplo, vai ter que fazer aquilo ali o resto da vida dele? Sendo que na prática é muito mais amplo…”, questiona. “Tanto pela nossa experiência, quanto pela relação com outras experiências, as universidades livres são sim tão formadoras ou até mais do que a academia”, defende Ney.

A Universidade Livre Fora do Eixo é aberta a todos, aos que já estão nos coletivos, aos que querem entrar ou não, aos que querem só conhecer ou simplesmente ter essa experiência. Então, quem quiser participar de algum curso ou de alguma vivência, basta acompanhar os coletivos conectados à rede Fora do Eixo.

Em Conquista, acompanhe o coletivo Suíça Bahiana e a Casa Fora do Eixo Conquista no Facebook. Para localizar o coletivo que está mais próximo de você, acesse o mapa no portal da rede.

Nina e Ney passaram por Conquista nesta semana para os primeiros encontros do “Conversas Infinitas”, que irá realizar 50 encontros durante o ano. Veja os nomes que integram a programação da primeira etapa aqui no Conversa de Balcão: Fora do Eixo realiza curso de produção cultural em Conquista.

Na foto: Ney Hugo, Gilmar Dantas – gestor da rede Fora do Eixo na Bahia, Nina Magalhães e Júlia Maia – da Casa Fora do Eixo Vitória da Conquista.

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