Ballet Lorena Albuquerque homenageia Conquista, seus costumes, sua cultura e seu povo!
A tempestade que caiu na parte da tarde deve ter mexido ainda mais com a ansiedade dos jovens e adultos que logo mais se apresentariam na segunda noite do Festival de Ballet Lorena Albuquerque. Após meses de pesquisa e de produção, chegou o dia da escola apresentar a homenagem aos 175 anos de Vitória da Conquista.
A chuva tão esperada pelos conquistenses acabou com a espera de meses – e ameaçava o espetáculo do domingo. Mas, foi só uma ameaça. A pequenina Analú, quando começou a cantar “Canção do Sudoeste” de Edilson Dhio, deu fim à espera dos alunos (e da plateia) e a ansiedade que transbordava das coxias aos poucos se transformava em alegria, alegria esta que vinha estampada no sorriso de cada um daqueles bailarinos, a cada apresentação.
Ainda durante a segunda apresentação, com os índios já ameaçados pelos bandeirantes, uma nova ameaça: cai a energia no local. Nessa hora, com certeza, a ansiedade que já estava passando, se multiplicava por trás das cortinas. A sétima edição do Festival iria ou não acontecer?
Na plateia, também ansiosos, estavam familiares, amigos e convidados especiais. O cantador Xangai, os pintores Valéria Vidigal e Silvio Jessé, o maestro João Omar, a fotógrafa Edna Nolasco e o artista plástico Allan D’Kardec seriam homenageados e estavam ali, aguardando. E ela marcava presença: a dúvida.
Então, a dúvida cedeu o seu lugar, as luzes se acenderam, os bailarinos se reposicionaram e a música voltou a tocar. Com o fim da apresentação que lembrava a ocupação do Sertão da Ressaca, fomos apresentados à água do Poço Escuro, ao frio da “Suíça Baiana”, às delícias do café com biscoitos e ao colorido das rosas. O primeiro ato foi encerrado com o hino de Conquista, executado ali mesmo pelos músicos que participaram do espetáculo, com a própria Lorena Albuquerque no palco, executando os passos ao lado da jovem Ester Filadelfo. Calorosas palmas festejaram a aparição da também diretora do espetáculo.
Na segunda parte, artistas conquistenses foram para o palco por meio de cada bailarino. O cineasta Glauber Rocha, o escultor Cajaíba, o menestrel Elomar e o pintor J. Murilo foram alguns dos nomes celebrados.
Ao final, Xangai, que até então era um mero espectador, deixou a “área vip” para, no ponto oposto, ocupar a cadeira de cantador e presentear a professora Lorena, os alunos e aos demais com a interpretação de “O Pedido”, canção de Elomar que integra o repertório da ópera Auto da Catingueira e que lista os presentes que Dassanta gostaria de receber. “A coisa mais linda é a pessoa que tem o dom de ensinar, eu vivo aprendendo”, agradeceu o cantador homenageado pelo momento especial que vivia ali.
Realizada, a professora voltou ao palco para agradecer. “Nossos alunos de fato mergulharam nesse tema. Um tema muito especial. Hoje, conseguimos fazer transbordar do palco a nossa alegria”, festejou. Mesmo sem pedidos, a plateia, encantada com a apresentação que acabara de assistir, aplaudiu entusiasmadamente a prof. Aqueles aplausos também transbordavam, não era apenas pelo espetáculo, estava evidente que a profissional era ali aplaudida por conseguir envolver aquelas centenas de alunos, de crianças a adultos, em torno de um objetivo. Salve, quem tem o dom de ensinar e envolver!