Por Ailton Fernandes
Essa foi a primeira vez que a campanha eleitoral na internet estava liberada. Candidatos a prefeitos e a vereadores puderam utilizar blogs, redes sociais e o envio de emails para propagar seu nome e suas propostas em busca de conquistar o voto do eleitor conectado. A presença dos políticos nas redes sociais, por exemplo, chegou a incomodar muita gente que dizia que ali não era lugar para política. Eu discordava, mas, de fato, reconheço que ainda não é.
Mesmo com a sua popularização na última década, a internet é utilizada por menos de 40% dos brasileiros – apesar de 95% deles utilizam alguma rede social, vamos considerar como o brasileiro utiliza as redes sociais: muitos perfis são desatualizados ou foram abandonados por seu criadores; muitas crianças se conectam via redes sociais para utilizar joguinhos e curtir o ídolo teen; outra grande parte só está nas redes para compartilhar piadas, virais e vídeos da moda – sem ler sequer um parágrafo de texto.
Quem se interessa por política nas redes sociais é uma minoria. Talvez digam que seja um reflexo da realidade. E, talvez, estejam corretos. Mas, como essas pessoas utilizam a internet para o fazer político? Será que há de fato contribuição?
O espaço livre e o ambiente libertário, onde não há limite para se expressar, não estão sendo bem utilizado. Os eleitores conectados e defensores de bandeiras partidárias, utilizam do anonimato para ofender e atingir os demais sem se preocupar com o que diz. Sentem se protegidos por estar de suas casas dizendo o que bem entender, não debatem com seriedade, não analisam argumentos e, pior, ignoram qualquer regra e convenção social para “vencer” uma discussão. Lamentavelmente, era preferível que a internet não fosse lugar para a política – ainda não é o momento, pelo menos no Brasil.
O brasileiro, principalmente o jovem, deveria se desconectar um pouco, ir para as ruas manifestar sua opinião, debater com amigos e familiares, ouvir a opinião do povo, saber quais são as necessidades da sua cidade e as carências dos bairros periféricos. É preciso deixar de lado a conveniência de ficar sentado em frente à uma tela cuspindo opiniões que, na maioria das vezes, ninguém lê. Deixar de lado a realidade plástica apresentada nos perfis bonitinhos e ir às ruas sentir a sua cidade vai contribuir muito mais com o amadurecimento da consciência coletiva. Quem sabe, dessa forma, teriam o que dizer nas redes sociais…
Você que está conectado, seja um exemplo de como a internet pode ser útil como meio enriquecedor de qualquer debate, afinal, dela já nasceram grandes movimentos e mudanças sociais. Faça sua parte como esse novo ser político para preservarmos a internet como um ambiente democrático e livre.