O centenário do poeta e compositor baiano Dorival Caymmi foi o enredo da escola de samba Águia de Ouro no carnaval desse ano. A escola desfilou na madrugada de sábado para domingo e conquistou o terceiro lugar. Foram 3.200 componentes, 26 alas e 5 alegorias para apresentação do enredo “A velha Bahia apresenta o centenário do poeta cancioneiro Dorival Caymmi”.

Logo no abre-alas, a escola levou Iemanjá para a avenida numa estátua de 12 metros de altura. Na segunda alegoria, o carro retrata uma lenda indígena sobre a lagoa de Abaeté, localizada na praia de Itapuã. O próximo carro trouxe o sincretismo religioso de Caymmi, fiel ao catolicismo e ao candomblé. Na frente do carro, baianas realizavam a lavagem da escadaria e o público sentiu o cheiro da alfazema. No fundo desse carro era representado um terreiro e Mãe Menininha do Gatois.

O quarto carro teve três partes diferentes e 60 componentes. À frente, um navio negreiro. Em seguida, a alegria dos retirantes nordestinos embarcados no Ita, rumo à uma vida melhor no sudeste. Por fim, já no Rio de Janeiro, a alegoria teve referências tradicionais, como a praia de Copacabana, o Cristo Redentor e os Arcos da Lapa.

O carro que fechou o desfile tinha a representação de Caymmi e foi dedicada à escola de samba Mangueira, que já prestou homenagem ao compositor em 1986, mesclando elementos das duas agremiações, o carro conta com as cores verde e rosa e com uma águia trazendo um surdo, tambor símbolo da escola carioca.

Fundada em 1976, a escola do bairro da Pompeia, em São Paulo, a Águia de Ouro nunca venceu o carnaval do Grupo Especial. Em 2013, também ficou na terceira colocação com o enredo sobre João Nogueira.

Confira abaixo fotos do desfile e o samba-enredo.

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Iemanjá no abre-alas
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A lenda do Abaeté
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Igreja do Bonfim e as baianas
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No fundo “da igreja”, o terreiro e Mãe Menininha
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O Navio, o Ita e o Rio
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Homenagem à Mangueira e a estátua de Caymmi

 

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A bateria representa Ogan, que, no candomblé, tocam batucajé
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Os jangadeiros
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Comissão de frente: os guardiões do fundo do mar

 

As baianas de mãe-de-santo
As baianas de mãe-de-santo

“Odoyá, a benção Yemanjá
a jangada vai sair pro mar
e navegar nesse oceano de amor
lindo pôr do sol, cenário de magia
brilha o horizonte na velha Bahia
tem batucajé, no abaeté, mistérios no ar
oh luar clareia, é lua cheia, deixa clarear
das lágrimas da índia
uma lagoa se formou, na praia de Itapuã

Na lavagem do Bomfim, bate o tambor
na saia da baiana tem Axé
tem mironga no congá
Ora Yeyeo, Mãe Menininha do Gantois

E sobre as ondas do mar, no velho Ita partiu
sua viola a tocar, a dor que o negro sentiu
poeta, cancioneiro, apaixonado pelo Rio de Janeiro
nos seus balangandãs mostrou o que é que a baiana tem

Inspiração, estrela do mar
eterna paixão, guardou seu lugar
desceu o morro da mangueira
de verde e rosa, só no surdo de primeira

É pura emoção, Caymmi do meu coração
lá vem Pompeia, é Águia de Ouro
super campeã do povo”

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