Por Mariana Kaoos

Este é um conto de não-ficção

Quando o Brasil ainda era habitado pelas mais variadas etnias indígenas e, seus moradores saudavam o sol, a lua e os elementos naturais, havia uma tribo que residia nas terras que hoje são conhecidas como Vitória da Conquista. Os camacãs, fortes e astutos, se uniram com outras tribos e, ao longo de algumas décadas, passaram a se chamar pataxós-hã-hã-haes.  No entanto, mesmo com a mudança nominal, seus guerreiros, mulheres e crianças, ainda possuíam peculiaridades como a língua camacã e uma beleza distinta. Com a criação do Arraial da Conquista e a chegada de povos com maior poderio bélico, os índios foram sendo dizimados um a um, para dar lugar ao “progresso” que chegava junto com os portugueses. Atualmente, existem apenas descendentes distantes das tribos que aqui residiam, incluindo os camacãs.

Aqui na Bahia, Camacan é uma de suas inúmeras cidades, localizada no extremo sul do estado e que comporta em torno de 32 mil habitantes. Sem mar, a temperatura por lá, chega a uma média de 30º.  Mesmo explorando ramos alternativos, como a pecuária, sua região sobrevive prioritariamente da cacauicultura. Quando o assunto é diversão aos fins de semana, a pedida é sempre algum barzinho que venda cerveja barata e petiscos gostosos. A cidade recebeu esse nome justamente por conta dos seus antigos habitantes: os índios camacãs.

Muito provavelmente, descendendo desses mesmos índios, no dia 23 de novembro de 1989 nasceu mais um menino, fruto direto da cidade de Camacan. Regido pelo signo de sagitário, Leandro Leão era só mais um nos registros da maternidade, bem como na quantidade de habitantes da região. Na verdade, todos nós somos encarados dessa maneira, exceto pela nossa família e pela sociedade quando, de alguma forma, passamos a nos destacar diante dela.

E assim ele o fez, de início, no âmbito local. Duas paixões lhe tomaram o corpo logo quando criança: a cozinha e a música. As receitas próprias nasceram a partir dos seus onze anos de idade. Misturas de sabores, pizzas, massas em geral, tira gostos mil, surgiam através de suas mãos e iam parar nos mais diversos paladares de amigos e famílias. O acalanto para o estômago lhe rendia sorrisos e olhares de aprovação. Assim como quando ele, de muito bom humor, arriscava uma cantoria nas noites de calor e no único karaokê que há em Camacan. Com sua voz de barítono (voz grave masculina), Leandro aprendia as músicas para cantar para a mãe, que, com aquele olhar materno de orgulho, passava horas e horas a ouvir o filho.

Se Leandro fosse um animal, certamente faria jus ao que está engendrado em seu sobrenome: Leão. Com olhar felino e precisão, além de garra, nas suas escolhas, o menino cresceu, se deslocou ao longo do tempo e viu as suas duas paixões se transformarem em ideais e escolhas para sua vida. Durante dois anos, Leandro depositou seus dias em livros e vídeos de gastronomia, que o levaram a conhecer as mais distintas cozinhas de todo o mundo, principalmente a francesa. Saiu de Camacan e fez um curso básico de culinária de uma semana. Após esses sete dias, ele já não era o mesmo, tampouco seus planos. Sairia do  sul baiano em direção às terras frias que um dia foram moradia também de índios camacãs: Vitória da Conquista.

Se o propósito inicial foi vim para estudar gastronomia, ele foi mudado completamente. Acontece que existem percalços no meio do caminho, assim como novas descobertas. Se há algo extremamente sedutor em Vitória da Conquista, são seus bares noturnos que oferecem música boa, pensada e reproduzida por artistas de extremo carisma e qualidade. Leandro passou a se chamar Léo Leão e, comovido pelo novo mundo que se exibia diante de si, começou a cantar também. Acompanhado pelos músicos Ricardo Costa e Maurício Roque, Léo oferece hoje, um presente auditivo, tirando expressões febris de alegria por parte do público.

Tanto a vida gastronômica, quando a vida de artista são extremamente árduas. No entanto, Léo se satisfaz quando, de dia, cozinha para os amigos, e a noite, canta para os mesmos. Ou transforma tudo numa grande mistura. Cozinha cantando e canta já pensando no que, logo mais, irá cozinhar. Nas suas especialidades, ainda não há nada típico, originário dos índios Camacãs, contudo, outros pratos permeiam a sua cozinha, enfeitiçando a todos que os experimentam:

Receita de Frango com bacon ao molho de laranja

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1920040_10201216215887884_4524108578986025864_nIngredientes: 1 kg de peito de frango; 500 gramas de bacon; 3 pacotes de creme de cebola; Suco de laranja sem gelo e sem açúcar.

Modo de Preparo: corte o peito de frango em cubos; passe cada cubo de frango no pó seco do creme de cebola e envolva-o com o bacon, dispondo-os numa assadeira média; cubra a assadeira com o suco de laranja; leve ao forno com uma temperatura de 230º, por uma média de duas horas.

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Sugestão de acompanhamentos: arroz branco, salada campestre e vinho branco.

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