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Alceu Valença vive o passado, o presente e o futuro ao mesmo tempo. Com 40 anos de carreira, o cantor pernambucano subiu ao palco do Forró Pé de Serra do Periperi na noite de abertura (19) saudando o tempo: “você quer parar o tempo e o tempo não tem parada”. A praça lotada saudou o cantor com entusiasmo e o tempo foi passando ao som de muitos dos seus sucessos que não perderam o encanto com o tempo.

SAM_3557“A arte não foi atrás de mim, eu fui atrás dela. Para imprimir a minha carreira foi muito difícil e para ser artista eu tinha que ser original e para ser original eu tinha que estar pensando nas minhas matrizes, nas minhas raízes que são, sobretudo, nordestinas, brasileiras, sendo assim são africanas, índias e europeias. As pessoas gostam da minha música justamente por causa disso, por ver uma arte que não se vê. Sou eu quem faço à minha moda e as pessoas gostam de ver. Não sou melhor nem pior do que ninguém, mas sou incomparável porque eu sou diferente”, disse.

A plateia de Vitória da Conquista fez coro para acompanhar as músicas. “Anunciação”, “La belle de jour”, “Girassol”, “Táxi lunar”, “Dona de 7 colinas”, “Coração bobo”, “Cavalo de pau” e “Morena tropicana” foram algumas das músicas que levantaram a praça. Como era abertura do São João da cidade, no repertório tinha ainda canções eternizadas por Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, como “Baião”, “Vem morena”, “Canto da ema”, “Xote das meninas”, “Cintura fina” e “Sala de reboco”.

“Um show é como se fosse um namoro. Em todo show, a plateia é uma gata, então tem que ser uma conquista, é uma paixão ganhar a plateia”, afirmou Alceu em entrevista. No palco, o cantor protestou: “a música de mal gosto começa a imperar na música brasileira, eu não preciso babar a TV, meu negócio é com meu público”. E convidou a todos para assistir a vídeos de suas músicas no YouTube e pediu para que as pessoas entrassem no seu Facebook para dizer o que achou do show. Os aplausos recebidos na praça já diziam tudo. Alceu conquistou Conquista como ele queria.

Para ser mais atual ainda, o cantor falou sobre as mobilizações e manifestações populares que tem acontecido pelo país. “O Brasil está tentando se projetar em um novo tempo, um tempo em que as pessoas se importam com todo mundo e cada vez mais precisam se informar para saber o que reivindica e para que a luta continue, eu me emociono ao ver o povo brasileiro querendo colocar o direito que ele tem. Peço e gostaria que as pessoas entrassem profundamente para discutir, há muito tempo nós não estamos discutindo absolutamente nada, estamos no ‘se’, ‘não-se’, ‘é’, ‘não-é’, na cultura reticente, pouco aprofundada, onde a gente não analisa as coisas e o ser humano tem uma capacidade muito grande de análise, de pensar, de agir e exigir os seus direitos, dessa maneira nós faremos e construiremos uma nação solidária, onde as pessoas tenham direitos e obrigações também”.

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UM FILME DE CORDEL – “O tempo pra mim não tem tempo, é presente passado e futuro ao mesmo tempo”, filosofou. Assim ele explicou o seu primeiro filme, a ficção “A Luneta do Tempo”, que será lançado ainda esse ano após 13 anos de produção. É um retrato da cultura do sertão, o cangaço, a seca, o vaqueiro e outros elementos do nordeste brasileiro aparecem como um cordel, mas “à minha visão”, alegou ele.

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