Jornalista e escritor, Alberto Marlon lança o seu segundo livro de crônicas, intitulado “Quartos de Hotel”. Segundo o autor é um livro para quem gosta de narrativa ficcional. O prefácio é assinado pelo também jornalista Gil Brito, responsável ainda pela ilustração da capa – leia abaixo.

Quem quiser adquirir o livro, basta entrar em contato com o próprio autor através do e-mail albertomarlon3@gmail.com ou via Facebook. O valor é R$ 20 (com frete grátis para todo Brasil).

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Capa (Reprodução)

Nós somos este livro. E ele nos é – Por Gil Brito

Alberto Marlon é um marginal, dizem. Ele sabe disso e não se incomoda, pois seus escritos o denunciam como tal. E, para desgosto de alguns, o autor aceita tal definição e até pode ser que a tome por elogio. A explicação é simples e, inclusive, óbvia: ele conhece o real significado do termo “marginal”, que é bem diferente da forma deturpada que utilizam por aí.

Não se trata de “bandido”, como apregoa o senso comum. Aliás, nem todo marginal é bandido. E, como se sabe, vice-versa. Na verdade, marginal é aquele cidadão a quem se nega até mesmo a qualificação de “cidadão”. É o sujeito que, por desígnios sociais, particulares, psicológicos ou mesmo filosóficos, viu-se empurrado para fora dos limites do convívio com a sociedade. Tornou-se excluído do ângulo de visão das “pessoas de bem”. Perdeu os laços com o dito – e tão apregoado – sistema.

Alberto não ouviu falar do que chamam de “vida marginal”. Ele simplesmente a viveu. Sentiu na própria pele, muitas vezes não sem alguma dor, os sintomas de ser aquele a quem boa parte das pessoas olha e finge não ver. É tênue a linha que separa os ditos cidadãos “normais” daqueles a quem chamam “marginais”. Alberto caminha sobre ela com a desenvoltura de um artista do Cirque du Soleil.

Por que “Quartos de Hotel”? Ora, é nesses ambientes, ora agradáveis, ora deploráveis, que muitas histórias começam – e, naturalmente, também onde muitas terminam. Diversas vezes, de modo trágico. Aqui, os quartos de hotel são utilitários e servem ao propósito para o qual foram concebidos. São baratos, caso o leitor queira saber. Sempre baratos. Senão, as histórias aqui contadas não teriam o sabor – e a verossimilhança – que possuem.

Nestes quartos de hotel, corpos se atrelam em tórridos encontros noturnos, enquanto, em outros locais, outros corpos também se entrelaçam em outros hotéis baratos pelo mundo afora. Nos hotéis caros, diga-se de passagem, as histórias também se desenrolam. Mas é nos baratos que elas adquirem os contornos que as credenciam como “marginais”. Alberto sabe disso. Afinal, ele já passou por vários caminhos, e deles soube extrair o que precisava – e, cá entre nós, até o que não precisava.

Nestes “Quartos de Hotel”, os personagens de Alberto podem ser qualquer um de nossos amigos – ou até qualquer um de nós. Ou ele próprio. Independentemente disso, há que se atentar para a densidade das histórias que são contadas a cada capítulo. O narrador é o “pecador” sem culpas que se divertiu em meio à “Babel olfativa”, na qual era impossível distinguir um perfume em especial. Amou entre lençóis que aparavam suores. Desceu até os últimos degraus da dignidade humana, deixando de assenhorear-se de si mesmo e agindo como um passageiro de seu próprio corpo. Amou novamente, sob outros lençóis. E conseguiu transformar tudo isso em literatura densa e agradável. E, para o deleite de todos nós, sentou-se em frente ao teclado e escreveu.

P.S.: E, como diria João Saldanha, “vida que segue”…

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