Por Mariana Kaoos
Em noite de baile e de festa a Praça Barão do Rio Branco, localizada no centro de Vitória da Conquista, é arrodeada de barraquinhas de comida e bebida, das mais variadas opções. Tem cachorro quente, espetinho nos sabores frango, carne e calabresa, crepe, pizza e outras variedades que aguçam o paladar das pessoas que ali transitam.
No quesito bebida, também há inúmeras alternativas: tem promoção de cerveja latão três por R$10, cravinho, campari, vodka com energético, nevada, coquetel de frutas, guaraná, água, capeta e por aí vai. Os vendedores procuram seduzir o cliente que, tendo consumido uma única vez em determinado local, passa a noite toda por lá.
Um desses vendedores é Roberto Lima Brandão, que coloca sua barraquinha de cerveja ali pelo famoso ‘beco do samba’. Conhecido como Cazuza, ele trabalha nos festejos da cidade há mais de dez anos. Dentre todos, os seus preferidos são o Festival de Inverno Bahia, por render maior lucro, e o Natal da Cidade, pelas atrações que se apresentam e pelo espirito de celebração natalina.
Na opinião de Cazuza, apesar da chuva que atrapalhou o fluxo de pessoas todos esses dias, o Natal da Cidade desse ano já é o seu preferido. “Eu tô aqui trabalhando, mas eu também curto as apresentações do palco principal. Foi muito bonito assistir o show de Milton Nascimento e hoje ainda tem Margareth Menezes, Toni Garrido e Sandra de Sá. Acho que vai ser animado”, comenta.
E animação realmente foi o que não faltou na noite de domingo, 22, na Praça Barão do Rio Branco. Quem abriu os festejos do Natal da Cidade foi Alisson Menezes com o seu novo trabalho “O Porão da Casa do Conto”. Buscando fazer um resgate da memória nordestina, dialogando com a cultura popular sertaneja, Alisson fez um show envolvente, apresentando suas novas composições ao publico e interpretando alguns clássicos como Suíte do Pescador, de Dorival Caymmi.
“Esse novo trabalho é algo mais introspectivo, porém, é também uma homenagem à força do sertanejo, que eu cresci vendo e admirando. ‘O porão da Casa do Conto’ possui grande riqueza rítmica e é inspirado nesse povo forte, bonito que me enche de orgulho”, diz o cantor.
Em seguida foi a vez do maestro pernambucano Nenéu Liberalquino subir ao palco e mostrar a qualidade do seu trabalho, provindo da música instrumental. Nenéu desenvolveu uma técnica conhecida como “piolão”, onde o violão fica deitado e é tocado como se fosse um piano. Por ser pioneiro e o único a fazer isso, ele é reconhecido nos grandes centros culturais de todo o mundo.
Para o maestro conquistense João Omar foi uma grande honra poder assistir ao show de Nenéu no Natal da Cidade. “Nenéu é um exímio violonista, arranjador, maestro. Uma pessoa excelente e um grande músico. Ele faz um trabalho que lembra muito o que Radamés Gnatalli fazia, com as melodias, com o extremo bom gosto. Então acredito que seja essencial para qualquer política pública promover diversidade, mostrar uma gama de variedades que abarquem as diferentes linguagens da música popular brasileira, como anda acontecendo aqui, no Natal da Cidade”, afirma.
A apresentação de Nenéu foi aclamada pela plateia. Ele entrou no palco ao som de “Insensatez” e, em seguida, tocou “Água de Beber”, ambas do maestro Tom Jobim. Ao longo do show, Nenéu também fez uma homenagem a Vinícius de Moraes com “Eu Sei Que Vou Te Amar” e a Ary Barroso, com “Aquarela do Brasil”. Ele comentou um pouco sobre a importância da Bossa Nova na sua constituição enquanto músico: “Eu considero a Bossa Nova como o gênero de música popular brasileira que mais contribuiu nas formas harmoniosas. Ela foi essencial para a evolução do fazer musical. Tom Jobim, sem dúvidas tem muita influência sobre mim e, obvio, isso acaba repercutindo no meu trabalho”.
Por fim, a foi a vez de Sandra de Sá, Toni Garrido e Margareth Menezes subirem ao palco com o Baile do Ben, projeto de black music em que homenageia Jorge Ben Jor e Tim Maia. Os três animaram o público com clássicos como “Os Alquimistas Estão Chegando”, “Vale Tudo”, “Sossego” e “Menina Mulher da Pele Preta”.
O clímax da apresentação foi quando Sandra de Sá cantou “Meus Olhos Coloridos”, de sua própria autoria. Durante as quase duas horas de apresentação, os três cantores pregaram a paz e o amor ao próximo. “Cada qual com seu cada qual”, bradava Sandra entre uma música e outra.
O público pareceu entender o recado e se divertiu com respeito e cuidado. Não houve briga alguma na parte da frente praça. O show acabou com o publico gritando bis. E para quem ainda quer mais, a programação da Praça Barão do Rio Branco hoje está cheia de diversidade. Confira:
19:30 – show de Vinícius Oliveira;
20:30 – show “Partindo pro alto”, com João Luiz e Partindo pro Alto;
21:30 – Maria Gadú.
Fotos: Secom PMVC/Arthur Garcia