Vem de ti, minha mãe, essa tristeza comovida
Que cai por sobre mim como um lento crepúsculo na tarde silenciosa

Tua voz que temia pelo filho pobre que entregaste à vida
E que ainda fala, hoje, na minha voz meiga e dolorosa.

Mãe, são tuas mãos despidas de jóias e riquezas
Que ainda me levam pela mão, na vida, boas e brancas
Vem da tua tristeza de temer por mim toda a minha tristeza;
Corre o teu pranto no pranto dos meus olhos que ainda estancas

Vem de ti, meu pai, lutador invencível,
Pálido e só, firme, arrostando o inimigo na liça,
A sede que anda acesa, em mim, de paz e de justiça
E a fé que desconhece o que seja o impossível

É de vós que me vem esse amor, essa piedade,
Essa ânsia de sofrer por um bem e essa resignação no sofrimento atroz.
Choro contido, mãe. Grita na minha voz, meu pai, a tua voz
De soldado da fé, de legionário da igualdade.

Meu pai, altivo e meigo, – justo clarim de alto e vívido trom!
Minha mãe, flor de neve, alva e pura e tão boa! Ó benção que me cobre!

Mãe! vem de ti a minha graça de ser bom.
Pai! vem de ti o meu orgulho de ser pobre!…

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