Como os velhos ascetas medievais,
Mato em volúpias o meu sofrimento.
Reage-me o sangue contra esse tormento
Como um bando faminto de chacais.
Na febre do meu sonho, muito mais
Alto que o sol eu vou na asa do vento.
E, encerrando em meu próprio pensamento,
Quebro montanhas, ergo catedrais.
Pedras lança-me o mundo. Do desdouro,
Transfigurando, rio-me, no empenho
De aperfeiçoar o mundo que construo,
Apertando nas mãos o meu tesouro:
Esse sonho que é tudo o que não tenho;
Esse sonho que é tudo o que eu possuo…